Previsões para a economia pioram a cada semana

Yasmin Marchiori
3 min readJul 6, 2021

Sob impactos da pandemia, PIB caminha para a maior queda da história

Por Yasmin Marchiori — 13 mai. 2020

Depois de o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgar o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre — que recuou 1,5% em relação aos três meses anteriores –, as previsões para a economia brasileira intensificaram ainda mais a trajetória de queda iniciada com a pandemia da Covid-19.

Na última segunda-feira (8/6), dez dias após a divulgação do IBGE, o Relatório Focus, do Banco Central, mostrou que o mercado financeiro agora prevê retração de 6,48% para o PIB deste ano. Um mês atrás, a queda esperada era de 4,11% e, no fim de março, quando os prognósticos passaram pela primeira vez a ser negativos, as projeções apontavam um declínio de 0,48% para o PIB do ano.

Instituições internacionais e órgãos ligados ao governo brasileiro também têm colocado as estimativas em patamares cada vez mais negativos. Nesta semana, o Banco Mundial, por exemplo, revisou de 5% para 8% sua previsão de queda para o PIB brasileiro neste ano. Já o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), vinculado ao Ministério da Economia, passou a esperar um recuo de 6%, mais que o triplo da redução projetada em março (-1,8%).

Por divergentes que sejam em relação ao percentual, todas as previsões convergem em um ponto: a economia brasileira deve ter em 2020 a pior recessão em pelo menos 120 anos, período para o qual existem estatísticas relativas ao PIB. As maiores baixas registradas até hoje ocorreram em 1990 (-4,35%) e em 1981 (-4,25%).

Para o economista e professor da Unip André Paiva Ramos, o Brasil, que já estava em um processo de recuperação lento, pode demorar até quatro anos para voltar aos índices anteriores à pandemia. “Fazendo isolamento social, você tem uma brusca queda nas vendas das empresas, a receita das empresas diminui, os trabalhadores informais passam a não ter renda alguma. Isso faz com que você tenha uma desarticulação e impasse em todas as cadeias produtivas da economia”, afirma.

Com o comércio fechado em grande parte dos estados brasileiros desde a última semana de março, o setor de serviços pode ser um dos mais afetados. De acordo com o IBGE, o setor caiu 6,9% em março, a maior queda desde 2011.

O declínio da produção industrial em abril — de 18,8% em relação a março e 27,2% em relação a abril do ano passado — também contribuiu para a piora das previsões para o PIB. Ramos estima que a queda pode ser ainda maior, chegando a 8%, e ressalta que a crise causada pela Covid-19 ressalta a importância da participação do Estado na economia.

“A atuação do Estado vai ser um dos determinantes de quanto vai ser a retração econômica. Ao contrário do que foi propagado nos últimos anos, que tinha que reduzir a atuação do Estado, que tinha que privatizar tudo, o que a gente tem visto é a importância da atuação do Estado, tanto por meio dos bancos públicos quanto pelo SUS [Sistema Único de Saúde].”

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